PRAIA VAZIA !!!

Emudeceste
Num mar de dor,
Onde as ondas
Se agitam desorientadas
E os sentimentos
Se misturam
E afogam
Ao sabor dos ventos!
Praia de amor
Que virou saudade,
Frases soltas
Escritas na areia,
Que o mar apaga
Sem piedade!
Vida ingrata,
De rumo sem Norte,
Que era infinito
E acaba no nada!

NEVE NA FLORESTA !!!

A neve cai,
Na floresta de plátanos,
Inundando os caminhos
De lobos e Capuchinhos
Que brincam distraidos
No divino manto branco,
Enquanto ao longe
Se ouve o canto
De gaios enamorados
E dois esquilos assustados,
Saltam de galho em galho!
Aguarela de um só tom,
Em tela universal,
Onde o céu também é branco
Porque o Sol desapareceu!
Floresta que quero minha,
Mesmo depois da partida!
Dos flocos que vão caindo,
Num silencio quase total,
Nasce um sentimento só meu,
Que agita o manto de neve
E refresca a minha vida !!!

CANOAS DO MEU MAR !!!

Lá longe,
Onde o céu
Namora o mar,
Há canoas tropicais
De velas brancas,
Que a brisa sopra,
Em canção de embalar!
Lá longe,
Onde o Sol escolheu morrer,
Há segredos escondidos
Nas ondas que vão nascendo
Para morrer à beira-mar!
Aqui,
Na areia dourada
Em que me sento,
Descansam amores perdidos,
Que as marés foram trazendo!
Lá longe,
Canoas de vela erguida,
À procura do fim do mundo,
Em regata universal!
Aqui,
Silencio profundo,
Na minha marinha sem sal,
Na minha noite sem luar,
Retrato de um destino,
Fim de linha de uma vida!!!

ADEUS À SANZALA !!!

Cai a noite quente
Na sanzala,
Sobe o fumo branco
Num céu de nuvens pretas,
Correm os miudos,
Ladram os cães,
Miam os gatos,
Adormecem os coqueiros
E ouve-se o canto
Das ondas verdes,
Que querem chegar à praia!
Um prato de peixe seco,
Um copo de vinho de palma,
Uma Avé-Maria cantada
E ao som de uma guitarra,
A morna que aquece a alma!
Todo o mundo vai dormir,
Que amanhã há alvorada!
Resta a velhinha que chora,
Sentada num banco de pedra,
Jurando que quer partir!
Então,pára o vento
E chega o luar de prata
Que ilumina a rua da vida!
Termina o triste lamento,
Morre a velhinha a sorrir!

A MORTE DA GAIVOTA !!!

Gaivota
De triste olhar
E asa partida,
Raínha dos céus,
Escrava na terra,
Sonhando voar
Atrás da traineira
Em fim de faina,
Do velho pescador!
Tenta piar,
Apesar da dor,
Quando o Sol foge
E a deixa perdida,
Sem eira nem beira,
Num canto do rio!
Não tem fome,
Mas sente o frio
Da morte que espreita
Em noite de insónia,
Destino traçado,
Mergulho final
Em voo picado
Dedicado à vida!
Até breve minha amiga!!!