O PRESÉPIO DE JUNHO!

Chegou ao fim a primeira semana de Campanha Eleitoral!Á partida,deveria ter havido a intenção dos vários candidatos esclarecerem o Zé votante,do que o espera num futuro muito mais próximo do que se imaginava. Simultâneamente, cada candidato deveria apresentar e propor soluções, tendentes a minimizar todo o esforço e desconforto que se adivinha,em função das medidas impostas pela famigerada Troika!Mas afinal de contas a que é que assistimos?Ao combate desenfreado entre um galo envelhecido e desgastado e um granizé convencido,mas pouco ou nada preparado e vocacionado para impôr ordem e governar o galinheiro,cheio de galinhas cacarejantes e nada interessadas na nobre missão de pôr os ovos, essenciais para se conseguirem omoletes!Acusações mútuas,afirmações e desmentidos na hora,insinuações,desculpas de mau pagador,num descalabro total, nada dignificante e muito menos esclarecedor.Problemas de fundo,escamoteados e silenciados,nomeadamente pelos dois partidos teóricamente mais bem posicionados para vencer as eleições e como tal com papel preponderante, na formação do futuro Governo.Não há qualquer tentativa, ou o mínimo esforço para se chegar a um entendimento prévio, que facilite o cumprimento de prazos impostos e agora substancialmente reduzidos,para a execução de medidas tão difíceis, quanto gravosas e seguramente impopulares!Fala-se em saúde,educação,justiça,taxa social única,impostos que sobem,impostos que descem,numa confusão total de ideias e projectos,sistemáticamente adiados e apenas ventilados em períodos eleitorais.Se uns não cumpriram promessas,os outros também não revelam capacidade e experiência para as executar!De um lado,cassete desgastada,de som roufenho e sem grande viabilidade,como ficou provado nos últimos anos.Do outro tenta-se uma gravação eficaz, em estúdio moderno,mas atabalhoada,sem um mínimo de condições técnicas e com fífias monumentais, que á partida comprometem qualquer nova interpretação musical!Na Casa da Música,a confusão é cada vez maior e ninguém sabe se deve bater palmas ou entrar na pateada.É uma questão de alguém dar o mote!Então que fazer no dia 5 de Junho?Vamos votar?Em quem?Não vamos ás urnas?Votamos em branco ou anulamos o voto?Salvo melhor opinião e antes que a Troika nos imponha um voto de circunstância,proponho que se faça um Presépio!Temos S.José,Pedro,Paulo e até Maria de Belém.Vacas e burros não nos faltam e se promovermos os barões a Reis Magos,teremos o problema resolvido!A seu tempo virá ao nosso mundo,um Messias,que terá como missão urgente e prioritária,correr com todos os vendilhões do Templo!Talvez então, venhamos a merecer o Reino dos Céus!

TESTAMENTO!

Sou um simples mortal,
Apesar de tudo e por estar vivo,
Posso morrer a qualquer momento
E como tal, pelo sim,pelo não,
Quero deixar testamento!
De dinheiro estamos mal,
O juízo está falido
E está fraco o coração!
Mas há coisas importantes,
Simples e muito baratas,
Para registar em legado,
~ Pouco antes de morrer!
Nada de gestos pedantes,
E muito menos baralhadas!
Vamos lá então a ver:
Aos amigos,um abraço apertado,
Ás amigas,beijos grandes,
Aos filhos,um nome honrado,
Á mulher,um adeus sentido,
Aos inimigos eterno desprezo,
E aos fingidos ,passo ao lado!
Ainda mais um pedido,
Que gostaria ver satisfeito
Pouco antes de partir
E assinar o testamento!
Quando a alma me fugir
E o corpo ficar sem jeito,
Não quero chôro nem luto,
Quero ver tudo a sorrir,
E para o adeus ser perfeito,
Não haverá qualquer lamento!

O PALHAÇO!

Estava na hora
De entrar o palhaço,
Naquela noite de circo!
Colocou o nariz encarnado,
O chapéu rôto na cabeça,
Apertou o grande laço
E os suspensórios ás listas,
Calçou o sapato espalmado
E a seguir entrou em cena!
Pôs todo o mundo a rir,
Apesar do discurso estafado,
De tal modo que na arena
Ninguém percebeu a mágoa,
Do palhaço que chorava
Com vontade de partir,
Para nunca mais voltar!
Saltou,dançou,correu,
Debitou mil disparates,
Partiu as pernas á cadeira,
Desmaiou mas não morreu,
Não estragou a brincadeira!
Terminou a tocar música,
Violino,saxofone e bandolim.
Disse adeus á plateia
Ouviu palmas e olés
E quando chegou ao fim,
Saiu a correr, a arrastar os pés!
Regressou á caravana,
Suado,triste, pobre, desiludido.
Cansado,deitou-se na cama,
E depressa adormeceu,
Ao perceber que estava mais só
E que chorar é tempo perdido!

CHUVA DE PÉTALAS

Hoje chovem
Pétalas aos milhares,
Das rosas que plantei,
Quando vivia feliz
No jardim do Paraíso!
Descem alegres aos pares,
Em bailado ensaiado,
Abrem um largo sorriso,
Ao ouvir o canto dos anjos,
Em solene despedida,
Num longo e sentido adeus!
Escurecem o horizonte.
Envergonham o sol nascente,
Saúdam a lua que dorme
E num último sopro de vida,
Perfumam as fragas do monte!
Aterram na giesta em flôr
E no alecrim também presente.
Pintam de azul a alfazema
E de roxo o rosmaninho!
Morrem calmas e sem dôr
No cimo do montanha mais alta,
Descansam em paz,finalmente
E dão sentido ao meu poema!

NEXO-CAUSALIDADE

Confesso a extrema dificuldade que tenho em lidar correcta e honestamente,com o conceito nexo- causalidade,dada a subjectividade presente em grande número de casos, que implicam o assumir de uma atitude.É um género de dúvida metafísica,como a da origem do ovo e da galinha,só que neste caso a galinha tem tendência para pôr os ovos todos no cesto dourado das Companhias de Seguros,o que não parece justo e muitas vezes me deixa embaraçado e em desacordo frontal com a decisão dos senhores consultores,contratados e pagos para a defesa dos interesses das suas damas!A tendência para atribuir responsabilidades á patologia pré-existente,é manifesta e conveniente,em prejuízo de quem paga o seu seguro e como tal deveria dele beneficiar em situações de acidentes de trabalho,ou outros sinistros.A estratégia estende-se ao seguro automóvel,com peritagens mais ou menos caricatas e tendenciosas,dificultando estúpidamente o acesso atempado á cobertura de danos e prejuízos, que teóricamente está consagrada nas apólices.Veja-se o que aconteceu quando o governo publicou a lei da desvalorização anual automática das viaturas!Virou-se o feitiço contra o segurado, já que as companhias entenderam que também o risco de acidente aumentava com a idade do veículo,por desgaste do material e como tal compensaram o desconto, com naturais aumentos nos prémios!Tudo voltou á primeira forma e a verdade é que todo o mundo aceitou a habilidade, sem esboçar um protesto,antes que a penalização ainda fosse maior!Somos obrigados e aconselhados,a liquidar com a máxima pontualidade os prémios das apólices, que em teoria nos deviam proteger,sob pena de as mesmas serem imediata e inexorávelmente anuladas.No entanto para se receber qualquer indeminização ou subsídio de doença,quase sempre os prazos se eternizam deliberadamente,fazendo render os juros ,num manifesto desprezo total pelo segurado!A justiça não funciona e como tal, só ao fim de largos anos, quando o julgamento já não suporta mais adiamentos,se força o acordo entre as partes,caso o segurado tenha sobrevivido!Toda a gente sabe disto,mas a verdade é que tambem aqui ninguém tem força para reagir!O nexo- causalidade, na política,continua a ser embaraçoso e de conclusões nada fáceis.Embora eu tenha algumas dúvidas,grande parte das pessoas,considera que há nexo-causalidade entre o governo de Sócrates e a situação lamentável em que o País está!A falta de preparação e experiência de Passos Coelho,pode conduzir a um descalabro ainda maior!A maior parte das pessoas,neste caso, tem a certeza que mesmo que isso venha a acontecer,nunca haverá nexo-causalidade,embora eu mantenha as dúvidas do costume!Não é fácil...

PS: Já agora, se por mera casualidade ou causalidade,a Companhia de Seguros para quem presto serviços,os viesse a dispensar amanhã,esse gesto não teria qualquer nexo,não acham? É a unica situação em que não tenho a mínima dúvida!!

TRABALHO E DÔR

Chegou sujo,lento e cansado,
Sentou-se na mesa do canto.
Num gesto programado,
Tirou o chapéu da cabeça,
E pediu um copo de três,
Que bebeu de um só trago,
Tentando apagar de vez
A revolta,que é mais dôr,
De um trabalho quase escravo,
Que marcou rugas na alma
Do velho trabalhador!
Nem o fado que se ouvia,
Numa telefonia sem fios,
De prazo ultrapassado,
Fez renascer o amor
Que morreu com a Maria,
No dia em que o rouxinol
Deixou de cantar nos rios!
Desiludido,triste e esgotado,
Adormeceu profundamente,
Mas nem assim esqueceu a dôr...

DESERTO DA VIDA!

Há longos,longos anos,
Vou percorrendo um trilho,
No grande deserto da vida!
Piso a areia escaldante,
Bebo do sol o brilho,
Dos catos a água fresca,
Cada vez mais delirante,
Na procura do oásis
Da grande palmeira verde,
Batida pelo vento quente
E pela tempestade de areia,
Á beira do velho lago
Pintado de azul celeste,
Pela mão da Tuaregue!
Perdi peso,estou cansado,
Meio cego,quase surdo
Morto de sede,meio parado,
Á espera que o luar me leve
A um trilho iluminado,
Sem palmeiras,sem oásis,
Nem tão pouco a Tuaregue,
Que pintou o lago de azul!
Termina aí a corrida
E entre rosas e lilases,
Consigo ouvir num murmúrio,
Que também acaba a vida!

PROFESSORA ÂNGELA!

Nas últimas semanas,tem havido uma série de debates televisivos,entre os candidatos a primeiro-ministro,ou a ministérios mais secundários mas não menos apetecíveis,que apesar dos tempos de crise e do futuro incerto que nos espera,pouco ou nenhum interesse têm despertado.Primeiro porque são o exemplo estafado de lutas pelo poder pessoal ou partidário,municiadas por acusações mútuas ou novidades adaptadas ao momento e adaptáveis ou desmentíveis em qualquer altura.Depois, porque todos estamos cansados de uma política que se arrasta há muitos anos e dos políticos que ajudamos a manter cargos e funções quase vitalícias e nos criam situações altamente preocupantes e lesivas dos poucos interesses ou direitos,que ainda nos vão assistindo.Valham-nos as notícias que inundam as revistas da nossa praça,com figuras caricatas,também elas sempre as mesmas,mas que entenderam aceitar o desafio inédito de experiências tribais,ou de programas de emagrecimento físico e mental,de alguns pesos pesados nacionais,naturalmente consumidores compulsivos e obsessivos,da coca-cola e Mac-Donalds.Á frente do pelotão de consagrados e por margem que não deixa qualquer dúvida,uma personagem no mínimo bizarra,mas que desperta a curiosidade da sociedade portuguesa.Desta vez e para ser publicado em todos os editais,ficámos a saber que o indígena feito á pressa,foi assediado como nunca se lembra de ter acontecido,por quase todas as mulheres da tribo que o acolheu!Ao que consta e conta,eram mãos femininas por todo o lado,ao abrigo da noite,apalpando e procurando em vão o que ele não lhes podia dar!Antes que fosse tarde e alguma violação pudesse acontecer,entendeu por bem ir dormir na palhota dos homens,muito mais discretos,recatados e menos atrevidos que as depravadas e descaradas criaturas que tinham protagonizado o ingénuo assédio sexual!Como se tudo isto não bastasse para atentar as almas,eis que a Mestre-Escola Europeia,Ângela de sua graça,de vara na mão esquerda e palmatória na direita,lança para o éter através dos canais competentes,que por uma questão de justiça e igualdade comunitária,todos os seus alunos,empregados auxiliares ou de limpeza,nomeadamente os indisciplinados Gregos,Irlandeses e Portugueses,devem ser reformados com a mesma idade dos Alemães,esses sim excelentes alunos!É o castigo para a sua indisciplina e para o consumo desgovernado das mesadas que lhes tinham sido magnânimamente atribuídas!Não importa que o consumo tenha sido submarino ou terrestre á custa dos belos Mercedes,Audis e BMW que inundam o nosso recreio ou em famílias menos abastadas,nos electrodomésticos da Siemens!O julgamento, como convinha,foi sumário e sem direito a recurso,já que determinado pelo supremo poder da Irmandade Europeia! Apesar de tudo poderemos estar de acordo,mas já agora só depois de Aladino nos concretizar um humilde desejo.Vamos prolongar a idade de reforma,vamos reduzir os dias de férias,mas por uma questão da mais elementar justiça,permita-nos o acesso aos vossos ordenados e ás vossas regalias sociais Senhora Professora!Se assim não fôr, vamos todos chumbar por faltas injustificadas,o que para meninos mal-comportados,estúpidos,marialvas e genéticamente desprezíveis,pouco ou nenhum significado poderá vir a ter.É que seguramente irão sobreviver á custa da brôa pingada de sardinha frita,um naco de bacalhau mesmo que salgado,ou a fatia de presunto de porco preto alentejano,repetindo a experiência que não lhes falta, á custa das guerras que lhes foram impostas pelos seus pares e a que orgulhosamente souberam resistir!

SEGREDOS

Em ti entendo,
O segredo da formação,
De parte do Universo!
Olhos amendoados,
Num sorriso traquina,
Cabelos soltos ao vento,
Em marola de sedução,
Que quero cantar em verso,
A ser gravado no tempo
E no rol dos meus pecados,
Lá longe,ao virar da esquina,
De uma vida que se esgota,
Desfeita em mil bocados,
Em perpétuo movimento!

CASTELOS DE AREIA

Sou ilha perdida,
Em mar agitado,
Navio á deriva,
Sem velas,sem leme.
Já meio adornado,
Que o vento teimoso,
Empurra para norte!
Rumo perdido,
Encalhe em coral
Pintado de rosa,
Casco rasgado,
Destino de morte!
Antes que tudo se esfume,
Quero castelos de areia,
Onde os abutres,virem gaivotas,
Os deuses protejam os búzios
E o mocho imite a sereia!

«COMPANHEIRO VASCO»

A crónica do dia 4 de Maio,escrita no Diário de Notícias, por Vasco da Graça Moura, que se intitula escritor,mas a quem parece serem reconhecidos méritos como tradutor de comédia,fazedor de versos e político de bancada,é o exemplo paradigmático,de como um snob da nossa praça,pode falar sózinho,escrever os maiores disparates e insultar tudo e todos os que ousam discordar do seu delírio e confabulação prosaica,mais poluída e poluente, do que o velho rio Trancão!Chama lorpas,analfabetos e estúpidos aos votantes portugueses ,que não poem a cruz onde ele a coloca!Reforça a ideia,adivinhando-lhes menoridade mental confrangedora e entendimento granítico!Apelida de camarilha execrável e canalha de dedo no gatilho pronto a disparar,a quem reconheça apesar de tudo, algum mérito nas reformas do governo demissionário!Revela os seus vastos e mal aproveitados conhecimentos na área da economia,para criticar a política económica dos últimos seis anos e quase sem respirar afirma convencido que os seus críticos escabujam de raiva,aconselhando-os a escoicinhar sempre que lhes der na real gana!Termina apoiando e superando Eduardo Catroga e a sua sósia Manuela Ferreira Leite,defendendo o julgamento imediato dos actuais governantes e fazendo lembrar a sugestão de há quarenta anos,de meter os fascistas no Campo Pequeno!Não sou pago por ninguém ,nem estou filiado em qualquer partido,embora me sinta orgulhoso, por lutar desde sempre pelo ideal socialista.Como tal estou em condições para frontalmente lamentar, que um escritor,tradutor de comédia,poeta de fim de semana e político sem provas dadas, quando fez parte de elencos governativos da sua laia,deixe cair o verniz e toda a maquillage que lhe suporta um insuportável snobismo barato e fedorento,para ser mal educado,insultuoso,odioso,fanático e convencido que com a sua prosa esquizofrénica,irá alterar, como certamente e por motivos óbvios lhe convinha,o sentido de voto dos «estúpidos e assustados portugueses»!Desengane-se, «Companheiro Vasco»,porque o povo que ainda o vai suportando e sustentando,tem a noção exacta do que deve fazer e despreza em absoluto o clientelismo,o oportunismo e o elitismo,de quem o tenta baralhar,humilhar e insultar em nome de uma inteligência que lhes é negada,porque seguramente se esgota em si!Um último conselho para não perder mais tempo em vésperas de eleições:se quizer recuperar alguma credibilidade,repouse algum tempo numas Termas para problemas digestivos,ponha a caneta no descanso e aproveite para consultar o seu Médico de Família,na tentativa de perceber e eventualmente corrigir,a inversão do seu trânsito intestinal!Despeço-me,a seu pedido,com um belo par de coices!

A COMÉDIA

Há bastante tempo que não vou ao teatro e só agora entendo o porquê dessa atitude pouco aconselhável e nada abonatória!É que na realidade,todos os dias temos comédia de primeira qualidade,que até poderia ter alguma graça,não fosse o reforço da atitude bacôca dos vítalicios profissionais da política portuguesa e a triste imagem que transmitem em permanência,á Irmandade Europeia!O elenco é de primeira qualidade!Em vez de um,são quatro os artistas principais,com interpretação e leitura adaptada aos interesses pessoais e dos partidos que representam,degladiando-se no palco de um País cada vez mais preocupado,desempregado,,desmotivado e quase falido!Se um diz«a culpa é tua»,logo o outro se impertiga,o terceiro lava as mãos,qual Pilatos nacional,enquanto o quarto entra mais tarde em cena,cheio de atitude ,mas assobiando e olhando para o ar, como se nada tivesse a ver com a peça!Repetem o texto e frases feitas por medida,vezes sem conta,na tentativa de transformar aplausos em votos essenciais aos seus desígnios inconfessados,perante a plateia embasbacada,cada vez mais confusa,incapaz de coordenar ideias,sem saber se há-de rir ou chorar!Incompetente,ladrão,traidor,comuna,fascista,são adjectivos que não constavam no texto original,autenticas «buchas»hábilmente lançadas na fogueira de um enredo demoníaco e premeditado.Multiplicam-se os insultos,sobem de tom as ameaças,passando pela agressão verbal e por enquanto moral! Sócrates,de cabeça perdida e orgulho ferido,intervala os abraços europeus,com sorrisos meio amarelos e discursos em tudo o que é inauguração,jantares de amigos,almoços de serviço,reuniões do partido,ou encontros programados com os «média» que sempre admirou!O Professor Teixeira,amarra de vez o burro ás couves,amuado, ferido e desiludido com tudo e com todos ,nomeadamente com o amigo Zé!Assume um fácies esfíngico,em rigidez parkinsónica,olhar frio e distante,lábios grossos e cerrados!No outro extremo do palco,um Coelho de cartola,discursa por tudo e por nada,dá palpites espontâneos,faz trejeitos labiais e mete os pés pelas mãos ,quase sempre desorientado e sem nunca perceber de que lado estão as couves! Finalmente o figurante Catroga,rápidamente promovido a actor principal na última ronda negocial, jura a pés juntos ter sido óptimo o chumbo do PEC IV e que foi ele que acabou por negociar e impôr o magnífico pacote que nos espera, parido pela Troika!Nesta fase a emoção está ao rubro e caem folhas de louro no palco, ávidamente agarradas e exibidas por todos os artistas!Terminada a farsa os inocentes espectadores saem lentamente,ainda mais confusos.Pagaram para ver comédia e acabaram por ter tragédia!Batam palmas meus senhores!Chamem o contra-regra,ouçam o contra-ponto e acabem de uma vez por todas com as sessões de circo barato!São mais do que horas de fomentar e implementar o verdadeiro Teatro!

SINA

Deixei que a linda cigana,
Me lesse a triste sina,
Na palma da minha mão!
Assim fez e garantiu,
Longa vida,mil fortunas,
Viagens,amor e paixão,
Que lia em papel manuscrito,
Chegado em estrela cadente,
Em noite de luar de Agosto,
Num envelope lacrado,
Sem destino,nem remetente,
Sujo, velho e amarelado,
Carimbado no sol-posto!
Paguei moeda graùda,
Á cigana competente!
Leve,compensado e satisfeito,
Só mais tarde percebi,
Como um trabalho bem feito,
Quase leva a acreditar,
Que há destino perfeito!

SINA