Se eu fosse Deus,
Fazia da dor
Um poema,
Da pobreza
Alma negra,
Do amor
O grande lema,
Da tristeza
Uma alegria,
Do egoísmo
Uma utopia,
Do sonho bom
A realidade,
Da guerra
Um pesadelo
De um passado
Sem saudade,
Do futuro
O dia a dia!
Como não sou
O que queria
E muito menos um Deus
Quero ao menos
A patente,
Dos desejos
Que são meus!
Em noite de tempestade,
Sopram ventos loucos,
Que estimulam as ondas
De um mar revolto
E as fazem crescer!
Chegam mensagens
Que morrem na praia,
De mãos dadas
Com sonhos antigos!
Nascem ilusões
Num ensaio de vida,
De esperança mantida
E futuro renovado
Sem passos perdidos!
Em noite de tempestade,
Os ventos são loucos,
Choram as sereias
E o trinar das guitarras,
Esgota-se o luar
E a hipótese de amar,
Voam as areias,
Definha o desejo
Reduzido a um beijo!
Só resta a saudade!
Voam as folhas
Do livro
Que quero escrever
E espalham-se
Na praia de areia salgada,
Onde sempre quis viver!
Páginas soltas,
De uma história vivida,
Numeradas ao acaso,
Talvez pessoais!
Pedaços de um livro,
Que poucos vão ler,
Testemunho existencial
Com destino garantido,
Para sempre fechado
Num cofre de vidro!
Folhas soltas
Que o vento passeia,
Livro esquecido
Em castelo de areia!
Sou folha que cai,
Castanha, moribunda,
Num Outono prematuro!
Sopram os primeiros ventos,
Caem os primeiros pingos,
Mudam-se os tons,
Renova-se a natureza,
Num ciclo permanente,
Sem dó nem piedade,
Deixando-nos a melancolia
E um monte de saudade!
Outono da folha caída,
De tons acastanhados,
Perdão dos meus pecados,
Aguarela da minha vida!
Nas noites longas
Que não me largam,
Há velhos fantasmas
E sonhos desfeitos!
As horas não passam,
O Sol não nasce,
A vida não acorda!
Adormecem para sempre,
Os amores perfeitos,
Desaparecem por milagre
Os velhos projectos,
De uma história de vida
Que se aproxima do fim,
Parindo sem querer,
A causa perdida
Que sobra para mim!
CURRICULUM DE VIDA!!!
CARLOS MANUEL TEIXEIRA DE MELO SERENO
Ensino Primário , numa aldeia do Concelho de Águeda,
Ensino Secundário, no Liceu Nacional de Aveiro,
Curso de Medicina, na Faculdade de Medicina de Coimbra e licenciatura na Faculdade de Medicina de Lisboa.
Exerceu nos Hospitais Civis de Lisboa (Curry Cabral, São José e Hospital dos Capuchos)
Especialidade de Neurocirurgia, após concursos multiplos no Serviço de Neurocirurgia dos Hospitais Civis de Lisboa e Ordem dos Médicos.
Exerceu no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, durante cerca de quarenta anos.
Sócio Gerente do NRD( Núcleo de Radiodiagnóstico) em Lisboa,
Serviço Militar , como Alferes Médico, em Moçambique.
Neste momento, Cidadão do Mundo, aposentado de todos os cargos!
Poeta e fotógrafo amador, para tentar ocupar os tempos mortos.
Feliz no passado, estável no presente, expectante em relação ao futuro.
Quase realizado em termos pessoais e profissionais.
Grato a todos que se esforçam por me entender!
À minha Familia e meus amigos, com gratidão amor e amizade!
Sou um mar
Com alma,
De ondas verdes
A morrer na areia
Da praia dourada,
Ao sabor das marés,
Da força dos ventos
E do canto da sereia!
Mar calmo,
Refúgio de sentimentos,
De sonhos e ilusões,
Que descansam na espuma,
Ao longo do tempo,
Que não morrem
E se renovam
A cada dia que passa!
Há marinheiros e caravelas,
De velas enfunadas,
Ninfas ,duendes e fadas
E um Sol que sorri
Apoiado no horizonte,
Saudando o amor
E a noite de luar!
Este é o reino
Da alma que é minha,
Mas filha do mar!
Só,
Cada vez mais só,
Quando eles vão partindo
Sem aviso,
Ou um adeus de despedida!
Só,
Cada vez mais só
No deserto da vida,
Onde as palmeiras secam
E a areia já não é dourada!
Só,
Cada vez mais só,
Ouvindo o silêncio brutal
Que se vai instalando,
No cinzento nevoeiro matinal!
Só ,
Cada vez mais só,
Actor virtual
Num teatro sem palco,
Comédia de vida
De plateia vazia!
Só ,
Cada vez mais só,
Até ao dia
Em que o Sol volte a nascer,
Atrás do horizonte
E a Lua apareça serena
Atrás do meu monte,
Em noite de Lua Cheia!
Então, serei Rei e Senhor,
Numa vida plena!
Sabia
Que mais tarde ou mais cedo,
Irias partir,
Como qualquer um de nós,
Alargando um vazio
Que já era enorme,
Passando ao lado
De uma justiça
Que não existe,
Num até já precoce
E não desejado!
A vida é curta,
Ingrata e sem sentido,
A morte impiedosa
E de critério indefinido,
A sorte sempre distraída!
Partiu a matéria,
Mas ficou a obra,
Morreu o precário
Mas ficou a essência,
Gravada a ouro,
No livro da vida
E lugar de honra
No manual da ciência!
Tenho um cravo encarnado
No peito,
A liberdade na alma,
A alegria na memória,
A madrugada na história!
Ouço as botas na calçada,
A arma aperrada,
O bater do coração,
O nascer da ilusão.
O risco que espreita à esquina,
Tudo isto e a saudade!
Viva a Revolução
Que pariu a liberdade!
Percorro lentamente
Uma rua
Do meu mundo,
Tentando chegar à esquina,
Onde penso que te escondes!
Só que a rua não tem fim
E insiste teimosamente,
Para me levar ao infinito
E não à esquina desejada,
Onde pensava poder chegar!
Sei que vai ser assim,
Mas continuo a andar,
Ajudado pelo desejo,
Que não me deixa parar!
O meu mundo não é redondo
E foge-me debaixo dos pés!
A sorte nada me dá,
Nem me deixa saber quem és!
Apenas sei que te escondes,
Na esquina do fundo da rua,
Num mundo que quero só meu!!!
Sorri,
Sorri sempre,
Mantém a alegria de viver,
Não te deixes dominar,
Vive a vida intensamente
Porque ela é curta,
Sorri,
Sorri sempre,
Ama quem tens de amar,
Rema contra ventos e marés,
Mas não deixes de ser quem és!!!
DESEJO!!!
A minha rua,
Está triste e escura,
Os putos fugiram,
A bola de trapos,
Desfeita em mil bocados!
Há silêncio a mais,
Cães que ladram,
Gatos que miam,
Corujas que piam
E as badaladas dos sinos
Que perdoam os pecados!
A minha rua,
Está escura,
A minha vida meia nua,
A esperança escondida
No mar de angustia,
Que me rodeia!
Basta de sofrer,
De esperar pelo dia,
Pelas ondas do mar,
Pela luz do luar,
O cheiro a maresia,
Ou o piar das gaivotas!
Afaste-se a pandemia,
Chamem os putos,
As bolas de trapos,
Os sonhos perdidos
E devagar,
Sem ninguém ver,
Digam não á noite
E voltem a viver!
