VOO FANTASMA !!!

Voo nas asas do destino,
Empurrado pelo vento do deserto,
Sem rumo ou horizonte,
Sem saber se vou para longe,
Ou aterro aqui perto!
Não sei sequer
Se sei quem sou,
Donde venho,
Para onde vou,
Numa viagem fantasma
De sonho ou realidade!
Acho que me espera uma ilha
De verde vestida,
Onde sempre quis voltar,
No meio de um mar azul
Com coqueiros e palmeiras
Debruçados sobre a água,
Com ossobós a cantar
Melodias de saudade!
Oxalá seja verdade!!!

RECICLAGEM !!!

Voltei a ser adolescente,
A ter sonhos e paixões,
Objectivos, ilusões,
Menos dúvidas que certezas
E um depósito na mente
De projectos e proezas!
 O Sol voltou a brilhar,
A Lua está sempre cheia,
A noite é de luar,
O futuro fica longe,
O passado para esquecer,
O presente é verbo amar!
Sonho bom
Que me aconteceu,
Ontem logo que me deitei,
Mas que como era de esperar,
Acabou quando acordei!

CHUVA!!!

Tamborilam
Gotas grossa de chuva,
Nas vidraças
Do meu palácio virtual!
A grande vantagem,
É que não molham,
Nem fazem mal!
Lavam a alma,
Refrescam ideias,
Renovam memórias
De velhas histórias
E oferecem-me a calma!
Que chova sem parar!

SEGREDO DO BAÚ!!!

Tenho frio,
Emoção e até medo,
Ao abrir o velho baú
Onde mora o meu segredo,
Escondido ,bem lá no fundo!
Adormecido,cheio de pó,
Escrito em papiro dourado,
Há muito, muito tempo,
Num dia cinzento
Em que me senti muito só!
Parte integrante da vida,
Resistiu à chuva e ao vento,
À espera que o fosse buscar!
Hoje ,chegou o momento,
Antes que chegue a partida,
De o poder revelar!
Guarda-o bem junto ao peito
E não o deixes morrer!
Quem sabe se de um velho segredo,
Um novo poderá nascer?!

NOITE LINDA!!!

Noite linda
De Lua-Cheia
E luar de prata!
Melodia dos grilos,
À luz da candeia,
Canto do rouxinol
Na sombra do monte,
Em noite de amor!
Saudade viva,
Num mar de dor,
Que inundou o mundo,
Na tua partida!
Partida da vida,
Que nunca aceitei!
Noite da Linda,
De Lua -Cheia
E luar de prata!

CAIXA DE MUSICA !!!

Uma caixa de musica,
A debitar a Avé -Maria!
Um olhar encantado,
De um Pai,
Com a alma cheia de melodia!
Caixa de musica,
Do século passado,
Não deixes de tocar,
Como só tu sabes!
É um hino à alegria,
Um mar de sentimento,
Uma mensagem no vento,
De um Pai
Que um dia subiu ao céu,
A rezar a Avé-Maria!!!

VIAGEM !!!

Quero
Que o Sol me leve,
Para além do horizonte,
Conhecer outros mundos,
Outras gentes,
Procurar a fonte
Dos meus sonhos,
Encontrar a razão
De uma vida!
Não vou dizer adeus
À partida,
Tão pouco imaginar
A chegada!
Quero um mundo novo,
Um mundo diferente,
A felicidade de um povo,
A alegria de toda a gente!
É promessa sagrada!

FUI FELIZ !!!

Fui feliz,
Nos campos e searas
Onde corri,
Entre malmequeres e girassóis,
Atrás de melros,
Pintassilgos e pardais,
Numa vivência ingénua,
Mas realizada!
Fui feliz,
Ao ouvir o canto do cuco
A anunciar a Primavera,
Ou as badaladas
Dos sinos da aldeia,
A lembrar as Avé-Marias!
Fui feliz,
A subir montes e sobreirais,
Na pequena escola
Pintada de branco,
No recreio dos grilos
E sentado no banco,
À porta da Avó!
Fui feliz,
A jogar à bilharda,
A lançar o pião
E a atirar à parede,
O ultimo botão!
Fui feliz,
Atrás da bola no adro da Igreja,
Com os colegas de escola,
Muda aos dez,
Acaba aos vinte,
Com bolhas nos pés
E sapatos gastos!
Fui feliz,
A fazer asneiras,
A respirar o ar puro
Da velha aldeia,
A levar com o chinelo,
Onde as costas mudam de nome!
Fui feliz
E não vou esquecer!
Mas também vi
Olhos cansados
E mortos de fome,
Mãos nos arados
Puxados pelos bois,
No meio do pó!
Fui feliz
E talvez por isso,
Me sinta mais só!

TEMPESTADE NA QUINTA !!!

Na casa
Da velha quinta,
Em noite de tempestade,
As janelas iam gemendo,
As gotas de chuva,
Viraram lágrimas,
Os cães assustados ganiam,
Õ vento só tinha um sentido!
Perdido na escuridão,
Vi ao longe um cavalo branco,
Igual ao de Napoleão,
Em galope desenfreado!
Abrigaram-se as corujas,
Os lobos deixaram de uivar,
Os duendes tremiam de medo
E os fantasmas fugiram mais cedo!
Noite de tempestade
Na casa da velha quinta!
Resta um mar de saudade,
Guardado em cofre forte,
De que só eu tenho a chave!

DIA DA CRIANÇA !!!

No meu tempo
De criança,
Ninguém me dedicou
Um dia!
Tinha estatuto permanente,
A liberdade dos campos
E um amor
Que não morria,
Do nascer
Ao Pôr do Sol !
No meu tempo
De criança,
Ouvia a cotovia
E à noite,
Era rei o rouxinol!
Corria atrás dos pardais,
As horas rendiam mais,
Batidas no bronze verde,
Dos sinos da minha aldeia!
Infância que não volta
E se diluiu no vento,
Em saudosa melodia,
De que resta o eco,
Enfraquecido dia a dia
E que um dia vai morrer!