quarta-feira, 30 de novembro de 2011

AVARIA NO CHAT !

Estou isolado,
Perdido,
Chateado,
Desiludido
E ainda mais só!
Não escrevo nada,
Não leio ninguém,
Estou cheio de pó
Que não é de fada!
Impaciente,
Rabujento,
Insuportável
E quase doente!
Fechou-se a janela
Que me liga ao mundo,
A porta bate
Ao sabor do vento,
Avariou-se o chat
E eu fui ao fundo!!

A VARANDA !

Tenho lugar reservado,
Em total exclusividade,
No canto daquela varanda,
Onde vejo voar os corvos
E procuro o ninho das águias!
Um pouco mais ao lado,
Saltitam coelhos bravos,
De orelhas espetadas,
Nariz bem arrebitado
E em grande actividade!
Ao longe,já na montanha,
Há fumo branco no ar,
Que sobe direito ao céu
E se dilui nas nuvens,
Protegendo o casario
E a vinha que já está castanha!
A noite cai devagar
E com ela chega o frio,
A luz morna da Lua,
O vento que gela a alma,
Vindo do Polo Norte!
Ali ,morre a angústia,
Pois é o reino da calma!
Foi lá que nasceu a vida,
É lá que não cabe a morte!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A MINHA VELHA ALDEIA !

Na minha velha aldeia,
Há um sino de bronze,
No alto do campanário,
Que o sacristão toca a Santos,
Para confortar as almas
E ás vezes a rebate ,
Se há sarilho no campo!
Na minha velha aldeia,
O céu é mais azul,
Mais longo o horizonte
E o sol das manhãs calmas,
Aquece a seara ondulante
E seca o milho na eira!
Na minha velha aldeia,
Há um riacho que canta,
Lavando as pedras polidas
No leito de areia fina,
Onde saltam rãs e relas
E nadam peixes dourados!
Nos prados pastam rebanhos,
Os cães dormem a sesta,
Os gatos têm sete vidas,
Os ratos estão bem tratados
E nos Invernos gelados,
Há lobos em alcateia!
Na minha velha aldeia,
Fui feliz,corri,saltei
E aprendi a conhecer
Os mistérios da natureza,
As virtudes e os pecados,
O amor,o bem e o mal!
Por isso,quando morrer,
Quero ter a certeza
Que me vão deitar as cinzas,
No meu velho sobreiral!

domingo, 27 de novembro de 2011

A MÁSCARA!

Todos usamos máscara,
Mais uns do que outros,
Que nos esconde a face,
A verdade do olhar
E o sentimento mais puro!
É posta quando se nasce,
Mesmo antes de chorar,
Tentando evitar á partida
Que se alguém nos reconhece,
Sejamos causa perdida,
Neste mundo de loucos!

sábado, 26 de novembro de 2011

O RECADO AOS MÉDICOS !

Acabei de ler,no semanário Expresso,mais uma extensa entrevista do Dr. Mendes Ribeiro,que talvez para compensar o relativo apagamento a que se remeteu ou a que foi obrigado,num passado recente,aparece agora em tudo o que é meio de comunicação social,com um ar em que o atrevimento se confunde com o conhecimento de causa e a asneira é assumida sem rodeios,como solução milagrosa!Na verdade,depois da recente e brilhante sugestão de remeter em grande velocidade para os desfalcados Centros de Saúde,40% dos doentes que recorrem á urgência hospitalar pública,vem agora passar um atestado de mandriões aos médicos,quando com ar doutoral e paternalista,afirma sem qualquer hesitação,que os médicos devem trabalhar mais,já que não é admissível que em média cada cirurgião opere apenas 74 doentes por ano!Esquece o ilustre economista e gestor de saúde privada,que se assim é, o primeiro prejudicado é o cirurgião,que fica sem hipótese de ter um curriculum minimamente satisfatório e um treino essencial para poder ser rentável, em termos quantitativos e principalmente qualitativos.Esquece também o ilustre administrador e aqui não por ignorância,que para se exigir e rentabilizar qualquer profissão,é fundamental,criar condições para que tal seja possível!Ora,eu pergunto ao Dr. Mendes Ribeiro,se é acabando com Serviços de alta rentabilidade e reconhecida qualidade,como era o de Neurocirurgia do Hospital dos Capuchos,transferindo todo o pessoal médico para o Serviço de Neurocirurgia de S. José e mantendo as condições de logística nas enfermarias e bloco operatório já de si insuficientes antes desta medida,que se consegue rentabilizar o trabalho médico.Como é possível duplicar o número de médicos, num Serviço em que se mantém o mesmo espaço físico e o mesmo bloco operatório?Como é possível passar ao lado do esforço,competência e dedicação do seu ex-Director,Dr. Lucas dos Santos,quando o montou,equipou e iniciou o seu funcionamento?Como é possível,exigir a um médico que trabalha 35 horas por semana,a maior parte delas consumidas na urgência,que rentabilize o seu trabalho? Como é possível pedir a um médico, que aumente a sua produção e o consequente desgaste físico,quando se lhe paga meia dúzia de euros ao fim do mês?Pois é Dr. Mendes Ribeiro,o senhor que é economista e que seguramente tem honorários muito superiores aos médicos que agora insulta,tem também um curriculum de gestão privada da saúde,que pouco ou nada abona as suas teorias!O Hospital da Cruz Vermelha,o Hospital Inglês e o plano de saúde do B.P.N.,nada lhe ficaram a dever em termos de produtividade e eficiência económica!Permita então que o aconselhe a não meter a foice em seara alheia,a reflectir um pouco mais nos resultados da sua brilhante gestão e já agora que utilize o seu precioso tempo,não á procura de protagonismo televisivo e jornalístico,mas sim num aumento de horas de trabalho e de estudo da empobrecida saúde portuguesa.Só assim perderá a oportunidade de dizer asneiras e simultâneamente acabar com os insultos gratuitos,a quem trabalhou uma vida inteira,com dedicação,coragem,qualidade técnica e sem olhar para o relógio!É que um cirurgião,não é bem um funcionário público,com rotinas e horários fixos de trabalho e muito menos um tecnocrata economicista e desumano!

SEXAGENÁRIO !

Os anos correm,
A idade avança,
Rompem as rugas
Na face cansada,
Os cabelos morrem,
Há gordura que dança!
Os olhos não riem,
Pesam as pernas,
Doem os braços,
Envelhecem as peles,
Acabam os sonhos
E dilui-se o imaginário
Das horas ternas,
Na memória perdida,
Com neurónios reles,
De um sexagenário
Que gosta da vida!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ILUSÕES !

Deitam-se comigo,
Dormem na minha cama,
Acordam á mesma hora,
Morrem ao amanhecer,
Renascem quando anoitece!
A verdade é que não consigo
Que elas se vão embora,
Por muito que as convide!
São precalços de quem ama,
Ou o mesmo será dizer,
As ilusões de quem vive
À custa de mil promessas,
De alguém que não conhece!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

DANÇA DA VIDA!

Há folhas douradas,
Que me caem aos pés,
Marcas de Outono,
Que se vão repetindo,
Num ciclo de vida renovado!
Árvores quase despidas,
Molhadas,com sono,
Acenam de longe,
Tristes,envergonhadas,
De tronco lavado
E raízes seguras,
Aproveitam o vento,
Para treinar o bailado
Da dança da vida,
Que se vai diluindo
A cada momento!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

AS PULSEIRAS NAS URGÊNCIAS HOSPITALARES!

Desde madrugada,que é notícia prioritária e repetida de meia em meia hora,o relatório de uma comissão nomeada pelo Ministro da Saúde e chefiada pelo Dr. Mendes Ribeiro.Agora,no noticiário da televisão estatal independente,foi possível ver a reportagem da entrega solene e publicitada,dessas opiniões condensadas e seguramente trabalhadas á luz de critérios economicistas, que nada têm a ver com uma poupança real,justa e criteriosa,que todos desejamos e validamos!Conheço pessoalmente o Dr. Mendes Ribeiro e vou conhecendo virtualmente o sr. Ministro da Saúde.Um,economista de gêma,que já foi gestor de um Hospital privado,onde seguramente não fez qualquer esforço para implementar as medidas que agora propõe.O outro,bancário e fiscalista do melhor que se conhece,nomeadamente em relação aos pequenos delitos fiscais,já que os maiores só existem na imaginação das pessoas!Por isso não devia ter valorizado,uma das medidas anunciadas,mas a verdade é que não só estranhei,como pasmei!Apenas e só ,aqueles senhores sugerem,independentemente de outras asneiras que desconheço por ainda não ter tido acesso ao documento elaborado,que 40% das pessoas que recorrem ás urgencias,sejam despachadas em grande velocidade para os Centros de Saúde!O processo é simples:Após triagem rápida e padronizada,feita não se sabe bem por quem,é colocada uma pulseira no pulso do indígena,que se tiver tido o azar de ser contemplado com a côr verde,recebe guia de marcha imediata para o Centro de Saúde da área de residência,com a garantia de atendimento num prazo máximo de 12 horas!Só que muitos recorrem á urgência,por não terem tido qualquer hipótese de serem atendidos nos seus Centros de Saúde,onde faltam cerca de mil médicos e para onde se deslocam sabe-se lá com que dificuldade,altas horas da madrugada,esperam horas a fio para muitas vezes lhes ser comunicado que não podem ser atendidos!Mas mais grave ,é a irresponsabilidade total do mètodo.Estamos todos de acordo,que uma dôr de dentes,uma dôr no braço,na cabeça ou no abdomen,podem não ter indicação para a urgência.No entanto a dôr de dentes pode ser uma nevralgia do trigémio,a dôr no braço o primeiro sinal de um enfarte do miocárdio,a abdominal, o primeiro sintoma da ruptura de um aneurisma da aorta e a cefaleia poderá dar lugar pouco tempo depois a um quadro de hemorragia cerebral grave!Nenhuma destas situações,pode ser triada ou excluída,apenas por um interrogatório banal e uma presunção de benignidade,sem que se aprofunde a observação do doente e na grande maioria dos casos se recorra aos exames complementares de diagnóstico.Mesmo assim os acidentes e imprevistos,podem acontecer,como quase todos os dias é noticiado e censurado universalmente!A isto,chamo irresponsabilidade,desfaçatez,esperteza saloia e desprezo total pela vida humana,á custa de uma duvidosa poupança,dum degradar da qualidade de atendimento e de um recuo significativo na esperança de vida!Ainda bem que já não tenho de fazer serviço de urgência,pois caso contrário seria o primeiro a recusar classificar doentes e doenças por pulseiras coloridas e muito menos a correr com eles!Atrevo-me a deixar no ar uma proposta, que gostaria de ver aceite sem qualquer problema, pela comissão nomeada pelo sr.Ministro da Saúde.Sempre que houver qualquer acidente ou incidente nesta área, em consequência destas normas,penalizem-se os autores deste tratado de economia leviana,mas só depois de reformar a Justiça,pois caso contrário nunca virão a ser condenados!

domingo, 20 de novembro de 2011

PARLAMENTO DA VIDA!

Gostava de ter estatuto
E também a liberdade,
De deputado independente,
No Parlamento da vida,
Para tentar defender
Do alto de uma tribuna,
Os direitos de toda a gente
Em plano de igualdade!
O direito a viver
Com paz,amôr,dignidade
E garantia de trabalho!
Pode ser missão perdida,
Se a pedra falhar o charco
E cair no Parlamento!
Morre o desejo na praia
E a justiça leva-a o vento!

sábado, 19 de novembro de 2011

ECLIPSE TOTAL!

De repente,
Os pássaros voam em círculos,
Os cães não deixam de uivar
As cabras já não saltam,
Os gatos não sabem miar,
Os morcêgos voam de dia,
O galo já não canta
E há eclipse do Sol!
O mundo não vai acabar,
Como pensou toda a gente,
Mas no céu houve milagre!
Apagaram-se as estrelas,
Chocaram os planetas,
Morreram as constelações!
Restaram a Terra e a Lua
Em namôro permanente
E eu na minha rua,
A viver de recordações!

O MEU ESPAÇO!

No meu espaço,
Que sei curto,
Há um mundo,
Onde cabe um abraço
Reservado aos amigos,
Boa dose de amizade,
Um cheiro de poesia,
Meia dose de romantismo,
Dose e meia de loucura
E um desgosto profundo!
É que, apesar da idade
Piorar a cada dia,
Como seria de esperar,
Há um desejo de aventura,
Guardado há muitos anos
Sem ponta de secretismo,
Á espera de um destino,
Que teima em não chegar!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

MUNDO ESQUIZOFRÉNICO !

Ouço por todo o lado,
Gritos de revolta,
Vejo esgares de dôr,
Angústia, desespero
E sementes de ódio,
Num mar de desilusão!
Do Paraíso anunciado,
No alto daquele pódio,
Resta fumaça no ar,
Uma esperança sem escolta,
Uma relação sem amôr,
Alimento sem tempêro
Do tempo que está parado!
Andamos nós e sofre o povo,
Num mundo enlouquecido,
Em esquizofrenia colectiva,
Que se agrava dia a dia,
Sem nada trazer de novo,
Mas nos dá cabo da vida!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A ROSA DO MEU JARDIM!

É estranho
Que te conheça,
Sem nunca te ter visto!
É estranho
Que te ouça
Aqui mesmo ao pé de mim,
Sem que saiba onde estás,
Ou se a voz é mesmo tua!
Há mistério em tudo isto,
Nada fácil de entender,
Mas não olhes para trás,
Nem pares de aparecer
Ao longo da minha rua,
Pois embora não previsto,
Já és rosa do meu jardim!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

REVOLTA CONTIDA!

De braços no ar,
Afinem gargantas,
Gritem revolta,
Destribuam abraços,
Carinho e ternura,
No cimo do monte,
No meio da rua,
Á porta de casa!
Toquem o sino
Da velha aldeia,
Saúdem a Lua
Que está de volta
E regressou em brasa!
Mas deixem ouvir,
No intervalo do vento
E bem perto da fonte,
O som leve
E a terna melodia,
Do velho violino,
Em eterno lamento
E sublime magia!
Que se calem os lobos,
Os cães,os gatos,os ratos,
Os mochos,as corujas
E os grilos do campo,
Para que a noite
Abra o manto
E deixe nascer o dia!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

MONITORES DA VIDA!

Há um mar,
Carregado de ilusões,
Que separa dois mundos,
Onde cabem sentimentos,
Desafios,diálogos,desencontros
E até mil provocações,
Que nos levam a pensar,
Durante breves momentos,
Que nem tudo é virtual,
Nos monitores da vida!
Ao voltar á realidade,
Há um mar de tormentos,
Onde tudo acaba mal,
Se o sonho,não fôr verdade
E o final chegar antes,
De alguém dar a partida!

domingo, 13 de novembro de 2011

BALADA DA DESPEDIDA!

Fui direito ao Penêdo,
Que chamaram da Saudade,
Vestido de capa e batina
E de guitarra na mão,
Esquecido da minha idade!
A noite estava linda,
De luar e de Verão,
Quando comecei a cantar,
Sentado no banco de pedra,
Um poema que era meu,
Mas dedicado a Coimbra
E á velha deusa Fedra,
A tal que traíu Tseu!
Juntaram-se musas e deusas
E foram chegando estudantes,
De capas negras traçadas!
Cantámos todos como dantes,
Cantávamos ás namoradas,
Na plenitude da vida!
E quando o dia nasceu,
Já de gargantas cansadas,
Acabou tudo a cantar
O hino que não morreu,
A balada da despedida!


Este é humildemente dedicado com amizade,gratidão e admiração ao meu Chefe,Dr. Lucas dos Santos,apesar de ter a impressão que nessa noite ,ele também lá terá estado...

NEGÓCIOS E POLITIQUICES!

Deste-me um robalo,
Em troca de alheiras,
Sem qualquer maldade,
Ou segunda intenção !
O negócio era de estalo,
Melhor que os de Oeiras,
Sem indicio de corrupção !
Mas se fôr nacessário,
Aumentar a irmandade,
Não há problema,
Resta ainda Felgueiras!
Foi longo o calvário,
De fugas para o Brasil,
Escutas,contas na Suíça
Para ajudar familiares,
Férias e lagôsta no Sal,
Com todos a mudar de ares!
Como não devo dizer asneiras,
Resolvi escolher o menor mal
No código das boas maneiras,
Para ao menos dizer «chiça» !

CONTRADIÇÃO !

Sorriso nos lábios,
Lágrimas nos olhos,
Expressão serena,
Mas alma a sangrar
Em desespero total!
Conselhos dos sábios,
Mas asneiras aos molhos,
Na aventura terrena!
Negaste o amôr,
Quando querias amar,
Rejeitaste a ternura
Que te quiseram dar,
Assumindo a dôr,
De uma longa tortura,
Mesmo sabendo
Que ia acabar mal!
Lamento e tenho pena!

sábado, 12 de novembro de 2011

ETERNA TIMIDEZ!

Penso que queres falar,
Sobre ti e sobre o mundo,
Mas com mêdo de o fazer!
Um passo em frente
E dois para trás,
Á beira do abismo profundo.
Uma nota de esperança,
Mas o recuo outra vez
Para a dúvida permanente,
Que te impede de avançar
E prolonga a velha dança,
De uma eterna timidez!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

VIVER!

Viver,
É rever o passado,
Inventar o presente,
Acautelar o futuro,
Afastar a dôr,
Matar a solidão
E respirar o ar puro,
Que nos refresca a mente!
É contar estrelas,
Saudar o sol
E a Lua cheia
Das noites longas,
Andar na areia,
Á beira do mar,
Chapinhando nas ondas!
É deitar no relvado,
Esquecer os minutos,
Ouvir o canto das aves,
O sussurro das folhas
E o grito dos putos!
Viver,
É estar atento,
Amar sem entraves
E perceber á partida,
Que no fim da linha,
Que dá volta ao mundo,
Há o refúgio do vento,
Num túnel sem fundo,
Onde vive a morte
E termina a vida!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ESTIAGEM!

Tardou o sorriso aberto,
Estampado na face calma,
De olhos escuros,brilhantes,
Também eles a sorrir,
Com o brilho dos diamantes,
Que me ilumina a alma!
Chegou hoje,finalmente
E com ele veio a mensagem,
Há tanto tempo esperada,
De que a pobreza ia acabar,
Como o vento na estiagem!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

PREDESTINAÇÃO!

Estou triste,
Mas longe de estar infeliz!
Tenho pacto com a tristeza,
Quando quero estar alegre,
Imolar a sensibilidade,
Fazer o pleno da vida,
Sentir o que já sentiste,
Cantar o amor
Em serenata-surpresa,
Reencontrar um amigo,
Tentar esquecer a idade,
Ultrapassar o ódio,
Ou dominar a dôr,
O desespero, a emoção
E a ideia de estar perdido!
A verdade ,bem lá no fundo,
É que vou entristecendo,
Ao perder a ilusão,
Alimentada desde sempre,
Que estava predestinado,
Para dar a volta ao mundo!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A GUERRA DAS CORES!

Hoje,fiquei uma vez mais espantado,apesar de já nada me surpreender,com as notícias de primeira página em quase todos os jornais,nomeadamente nos desportivos,da pretensa ofensa verbal de um jogador do Benfica,por acaso espanhol,a um brasileiro do Braga,que por acaso não é branco!Quero afirmar á partida para que não haja confusões ,que não sou do Benfica e muito menos racista!Tenho alguns bons amigos, que têm uma côr diferente da minha e desde sempre me habituei a respeitar todo o mundo,independentemente da raça ou côr de cada um!Até por isso,não entendo porque é que alguém faz queixas de lhe terem chamado «preto de merda»,em vez de responder á letra,adjectivando o agressor racial,de «espanhol do caneco» ou até «branco fénéné»! Saldavam-se as contas e arranjava-se espaço para outras notícias mais importantes e preocupantes.Já agora, é tempo de se acabar de vez com o proteccionismo racial,que neste século não devia ter qualquer razão de ser.Ninguém tem culpa de ter nascido branco,preto ou até azul se tiver tido o azar da circular do cordão umbilical no parto!Se andámos na guerra em África,a verdade é que também nos fizeram a vida negra!Se colonizámos, curiosamente somos nós agora os colonizados!Vamos acabar com esta tremenda hipocrisia e estas atitudes falaciosas,respeitando-nos mutúamente,respondendo á letra quando fôr necessário,salvaguardando estilos e culturas e essencialmente acabar com as queixinhas saloias e primárias de quem a maior parte das vezes tem telhados de vidro!Quantas vezes os portugueses que emigraram para o Brasil, têm sido descriminados,ofendidos e até humilhados?Até a mim e nas minhas costas me chamaram muitas vezes« branco da caca»,mas sinceramente só a caca é que me ofende!Ou será que não sou branco?!

A MORTE DA GAIVOTA!

Vi uma gaivota morrer,
Quando exausta de voar,
No fim de uma longa viagem,
Deu um mergulho no mar!
Era a mesma,
Que há uns tempos,
Me vinha pedir comida,
Em troca da mensagem,
Que me trazia no bico,
Sempre que eu lhe pedia
E lhe permitiam os ventos!
Agora,há uma estranha acalmia,
Já que nada é como dantes!
O vento está mais parado
Desde que a gaivota não pia.
Os barcos passam ao lado,
O mar mais parece um lago,
Os peixes não andam contentes
E a missiva é pura miragem!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

MOVIMENTO CIRCULAR!

Sinto que ando á volta,
Num movimento contínuo,
Sem conseguir parar,
Com rumo indefinido
E também com a sensação
Que não vale a pena chorar,
Um sentimento perdido,
Ou alimentar a revolta,
Se vier a perder uma ilusão!

domingo, 6 de novembro de 2011

SOLIDÃO!

Solidão,
É grito no deserto,
Que se perde no horizonte,
Sem eco nem retorno.
É estar no fim do mundo,
Sem alguém que esteja perto,
É monólogo permanente,
Ao falar para ninguém,
É ser ave sem voar,
Barco que vai ao fundo,
É querer ir á outra margem,
Sem poder usar a ponte!
Solidão,
É o fim do caminho,
Que termina no abismo
E sem direito a regresso!
É corrida em contra-mão,
Loucura que não melhora,
Um abraço sem carinho,
Garganta que tem um nó,
Temporal que não vai embora!
Será que já estou só?

sábado, 5 de novembro de 2011

NOITE DE FESTA!!

Ainda a noite
Era uma criança,
Quando me apeteceu dormir,
Fechar os olhos e sonhar !
Sonhei que havia festa,
Com canto,música,dança
E outras coisas que tal,
Até alta madrugada,
Como nunca tinha havido!
Andavam todos no ar,
Em rodopio infernal!
Quando tudo dava certo,
Por incrível que pareça,
Acordei ,fiquei desperto
E a festa acabou mal!

LÌRIOS DO CAMPO!

Vi um lírio branco,
A separar o trigo do joio,
No meio de um campo,
Onde havia malmequeres
E espigas ondulantes!
Era possível respirar,
O ar puro e azul,
De finos raios dourados,
Que a chuva há pouco lavara
Fazendo questão de o deixar,
Tão fresco e puro como dantes!
Vi também nuvens pequenas,
De um branco côr de marfim,
Com gestos leves e delicados,
Que fizeram questão de sorrir,
Quando passaram por mim!
Como era de esperar,
Só podia estar a dormir,
Ou a sonhar acordado,
Como pude comprovar
Ao voltar a este mundo!
O tempo tinha parado
E o sonho chegara ao fim!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

AUTO-RETRATO!

Sou,
Mais gordo
Que magro,
Mais alto
Que baixo,
Mais feio
Que simpático!
Olhos grandes,esverdeados,
Um nariz de papagaio,
Ás vezes,com ar lunático,
De poeta das horas vagas,
Que vai dizendo umas asneiras
E também sabe rogar pragas!
De feitio meio-meio,
Ora doce,ora amargo,
Sou romântico inveterado
E ainda muito ingénuo,
Na defesa da pureza.
Sorriso aberto,escancarado,
Quando consigo ultrapassar,
Os momentos de tristeza!
Peito largo
E alma limpa,
Digo aquilo que penso,
Sem pensar naquilo que digo!
Calava-me,se fosse esperto,
Mas prefiro que seja assim,
Amigo do meu amigo,
Lealdade até ao fim!
No jogo,não tenho sorte
E do amor não vou falar.
Sei apenas que amo a vida,
Tanto quanto desprezo a morte!
Aqui está o meu perfil,
A que chamei auto-retrato,
Sem nenhumas pretensões!
Perdoem o artista barato
E permitam que possa guardar,
O meu mundo de emoções!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A ILHA DE CORAL!

Resolvi mergulhar,
Na água verde do mar,
Tão verde e tão calma,
Como o verde,
Na calma do teu olhar!
No meio daquela água,
Quase morna e transparente,
Não foi difícil encontrar,
Uma ilha de coral,
Branco,azul e rosa,
Afastada de toda a gente,
Onde os peixes foram pintados,
Com as cores do arco-íris
E a sereia indolente,
Vai cantando a sua mágoa!
Ali, também são proíbidos,
O stress,o ódio,o trauma,
A inveja,a guerra e a dôr!
É a reserva da alma,
Vida nova, novo mundo,
Refúgio de um grande amôr!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O POETA!!

O poeta,
Tem na alma,
Os cinco sentidos,
Na Lua,
A eterna morada,
No mar,
A génese da calma,
Nas nuvens,
Os amores perdidos!
No entanto,
Está longe de ser pateta!
Alimenta-se do amôr,
Quase sempre fora de horas,
Dorme de dia
E escreve á noite,
Canta o mistério da vida,
Mas também a sua dôr,
Percorrendo ruas escuras,
Quer neve, quer faça vento,
Defensor de causa perdida,
Mas fiel ao seu lamento!

O ADEUS !

Só mais tarde entendi,
Que desta vez era o adeus,
Quando acenavas levemente
E te afastavas no horizonte!
Nesse dia também perdi,
Os amores que pensava meus,
Mas que morriam para sempre!
Mesmo assim, subi ao monte,
Na esperança de te ver
E á espera que pudesses voltar!
Ouvi um silêncio profundo,
Que jamais irei esquecer!
Percebi então já doente,
Que isolado neste mundo,
Só me restava morrer!