quarta-feira, 30 de março de 2011

VIDAS

Escorrem gotas de suor Na face de pele morena, Carregada de rugas, Lavradas pelo arado do tempo! Quase ausente,distraído, Gesto mecanizado,sem lamento, Remexe a terra,de mãos sujas, Alonga o olhar meio perdido, Na procura incessante, Desesperada e permanente, De um amor sempre distante, No trilho secundário, De uma vida sem sentido!

FRÁGUA CINZENTA

Sentado na velha frágua cinzenta, Retocada com colar de musgo verde, Deixo que ela assuma O papel que representa, Na vida cheia de bruma E da dúvida que me atormenta! Deixo o olhar perseguir O futuro desconhecido, Deixo voar o pensamento, Longe do mundo perdido, Ordeno que o sol brilhe, Mando que pare o vento! Quando a noite cair E o céu escurecer, Quero o luar inspirado No canto do rouxinol! Que as fadas me deixem partir, Os duendes me levem nos braços E os Deuses me deixem viver!

quinta-feira, 24 de março de 2011

SEREIA

Mar zangado,
Ondas altivas,
A rasar as nuvens
De um céu irado!
Tempestade de areia,
Chuva de estrelas,
De estrelas perdidas.
Horizonte de velas,
Que resistem ao tempo,
Ao mar,á chuva e ao vento,
De canôas frágeis,
Da gente da aldeia,
Abrigada na noite
Do canto da sereia...
Sereia ingrata,
De cauda partida!
Não nada,não ri,
Não canta,não grita
E a gente desiste,
De entender a vida...

quarta-feira, 2 de março de 2011

NASCER DO SOL

É hora do Sol nascente,
Dos raios de luz
Reflectidos na espuma salgada das ondas!
Gaivotas voam em circulos,
Num ritmo suave de asas brancas,
Na busca teimosa e permanente,
Do porto de abrigo prometido!
Tambem eu passeio na areia molhada,
Meio tonto,meio perdido,
Suado,febril e doente,
Num ritmo de vida invertido,
Na esperança de promessa falhada!

terça-feira, 1 de março de 2011

PASSOS PERDIDOS

No vidro sujo
Da velha janela apodrecida,
Cai chuva miúda e fria,
Abraçada ao vento gélido
Que me congela os sentidos!
Não entendo porque não fujo,
Porque ainda me agarro á vida,
Velho,teimoso e pálido,
Peregrino de passos perdidos...