quinta-feira, 26 de agosto de 2010

PAREDÃO

Praia da Barra,vivendo na sombra da Costa Nova,refúgio preferido desde que me conheço.Farol dos mais altos,vestido de listas,mar calmo em baía artificial,transição ideal para as águas cinzentas da ria de Aveiro,espelho ímpar de gaivotas piantes,assustando taínhas que saltam e reflectem o sol nas escamas prateadas.O leve e doce marulhar,é sinfonia que refresca a alma,obriga a sonhar,viaja no vento e resiste á nortada.O nevoeiro matinal,esconde horizontes,limita navegantes e adensa o mistério do reino dos mares.Depois,como por encanto,levanta-se o véu,agitam-se as águas,espraiam-se as ondas,rolam pedras,conchas e búzios e chegam mensagens na espuma do mar!È um ritual que se repete há muitos anos e que não dispensa o passeio no paredão,de manhã ,ao por do sol e em especial em noites de luar.Extensa lingueta de cimento,orienta as marés,apontando ás águas da ria o caminho inexorável do mar.Esconde sonhos e desilusões,risos jovens e lágrimas antigas,projectos de vida,juras de amor e principalmente o som da velha ronca em noites de nevoeiro,adormecendo-nos melhor que qualquer dos sedativos que inundam o mercado!É nele que se ouvem os motores de frágeis traineiras rumando aos pesqueiros,é ele que parece parir os raios de luz do velho farol,que iluminam o horizonte de pequenos pontos cintilantes,é nele que as estrelas são mais brilhantes e se tornam cadentes por opção.Uma meia-laranja cheia de histórias,ponto de viragem obrigatório,retorno á realidade,que por momentos foi sonho.Marco de vida,palco da ilusão,mar de esperança na imortalidade que nos é negada e que ele tem supostamente garantida!Este é o nosso,o meu paredão!

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