terça-feira, 16 de novembro de 2010

BRINQUEDOS DE LATA E OUTROS

Repentinamente,o mercado ficou inundado de um sem número de réplicas de brinquedos de lata,que marcaram uma época, ao fazerem as delícias da garotada dos anos cinquenta!Bastou olhar para eles,rever a graciosidade das suas linhas e as habilidades de que são capazes quando lhes damos corda,para despertar em mim um sentimento nostálgico de uma infância feliz e a utopia do regresso ao passado.
Os automóveis de luxo e de corrida,os barcos de fundo chato e chaminé fumegante,os combóios de carris circulares,as motos com «side-car»,os aviões de hélices nas asas,os carróceis afrancesados e até as malas de ferramentas ou utensílios de cozinha,fizeram parte de uma vivência simples e despreocupada.Naquele tempo,a madeira e a lata eram os materiais de eleição.Lembro-me das trotinetes artesanais,dos carros de encostar ao ombro,das camionetas de cabine pintada de encarnado,dos carrinhos com rolamentos e até das fisgas e dos piões!Não posso esquecer um buick de lata,altamente sofisticado,descapotável,azul claro com capot branco,de mudanças num volante que virava as rodas e de velocidade controlável!Esta autêntica maravilha,tinha sido prenda de anos da Madrinha lisboeta e passou o resto da vida no fundo do baú de pregos na sala de cimento,donde só saía no dia de anos,despertando sentimentos de paixão e inveja e algumas vezes,guerra fratícida,pela conquista,posse e uso fugaz do belo exemplar!
Vieram depois os «Mecanos»,percursores dos «Legos»,com mil parafusos para apertar em placas perfuradas,permitindo variar as construções e utilizar material diversificado como cordas,roldanas e nalguns casos motores, que raramente funcionavam,mas davam outro estatuto ao resultado final!O Pai Natal ia repondo stocks,a loja do Souto Ratola em Aveiro exibia as novidades cada vez mais caras e sofisticadas,enquanto na Feira de Março era possível comprar berlindes,espingardas de rolha,pistolas de água,revólveres de fulminantes e os célebres espelhos redondos com paciências incorporadas na parte de trás,como os ratinhos de meter nas ratoeiras ou as bolas minúsculas para introduzir nas balizas.
O aparecimento e incremento dos plásticos, relegou para segundo plano,os brinquedos de lata e madeira,definindo-lhes um destino injusto e que pouco mais tarde se viria a confirmar.A informática deu-lhes o golpe de misericórdia,invadindo mercados, definindo tendências, impondo modas e criando uma mentalidade universalmente assumida,numa reforma total do estilo de ocupação dos tempos livres e das actividades prioritárias.As brincadeiras inocentes que na maior parte dos casos também contemplavam a vertente física,deram lugar á estática das play-station e Nintendos,que talvez estimulem mais o racíocinio e a agilidade mental,mas viciam e amarram a juventude aos monitores,permitindo-lhes o acesso a uma pleíade de jogos permanentemente renovados,mas nem sempre aconselháveis,pelo excesso de agressividade e até de terror que alguns fazem questão de exibir!
É evidente que não posso querer que tudo volte á primeira forma,nem tal faria qualquer sentido na actual conjunctura social e laboral,mas a verdade é que é urgente tentar encontrar um ponto de equilíbrio,estimulando-se naturalmente o domínio da informática,sem no entanto esquecer ou minimizar outras vertentes essenciais.O conhecimento das coisas mais simples e menos elaboradas,por serem inteiramente reais e naturais,deveriam compensar o que de virtual tem quase sempre a componente informática,contribuindo também ele,para definir princípios de comportamento social e até de orientação profissional.Assim seja!

1 comentário:

  1. EH PÁ!!!! o carro azul não tem ocapot branco é todo azul!!!sei isso porque o mesmo, reside em minha casa!!!juro que não o roubei, mas a verdade é que esta arrumadinho e ate tem direito a garagem....

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