BAPTISMO!

Talvez embalado pelas ideias revolucionárias do 25 de Abril,entendi não baptizar os meus filhos,partindo do princípio que quando fossem mais velhos,poderiam optar em consciência,pela necessidade ou vontade de se baptizarem.Deduzi naturalmente que se uma criatura de meses,pode ser baptizada cumprindo o desejo, opção ou até a conveniência social ou não, dos familiares directos,por maioria de razão não seria difícil aos meus filhos concretizarem na idade adulta e se assim o entendessem,um eventual baptismo!Pois não é bem assim,antes pelo contrário!Qualquer deles,chegada a idade adulta,entenderam querer ser baptizados e como tal prontificaram-se,com todo o meu aval, a frequentar a catequese orientada por meninas da confiança do senhor prior,naturalmente cheias de virtude e capacidade de decidir se os pretendentes mereciam ou não tal honraria.A verdade é que ao fim de meses de catequese intensiva,a nenhum foi reconhecida capacidade ou idoneidade para receber o referido sacramento!A situação tornou-se ainda mais caricata,embora perfeitamente lamentável,quando aos meus netos também foi negado esse desejo,por serem filhos de pais não baptizados,apesar da vontade expressa de o virem a ser!A atitude deixou-me solenemente irritado,embora tenha a certeza de que se Deus existe,estará acima da prepotência,estupidez e ignorância das recatadas virgens,donas de uma doutrina que não é seguramente a Dele,que apenas contribui para afastar os cristãos,não da Igreja,mas desse tipo de personagens com que desde muito novo embirro!Até aqui tudo mal,mas como não encontrei melhor solução,considerei o assunto arrumado,esperando que algum padre mais inteligente ou flexível,pudesse entender,ser muito mais segura e coerente a opção adulta do que a imposição ao recém-nascido!A revolta ,em banho-maria,entrou no entanto em franca ebulição,quando ontem o filho de um magnífico jogador de futebol,senhor de magníficos automóveis,seguramente a abarrotar de euros e normalmente rodeado de fãs que nada têm de catequistas,conseguiu baptizar o filho,sendo pai solteiro e escondendo a Mãe do inocente miúdo,que naturalmente não tem qualquer culpa e que se conste ainda nada sabe de catequese!Não por ele conseguir baptizar o filho,mas porque os meus também têm esse direito!Afinal qual é o critério?Será variável e flexível, como o das «bulas» que desde que pagas atempadamente, permitem comer carne á Sexta-feira Santa,sem pecado?Não quero de modo algum pôr outras hipóteses de eventuais esmolas generosas, ou promessas de novas capelas,que ultrapassem todos os obstáculos, que os crentes mais pobres não conseguem derrubar!É a Igreja a insistir no erro colossal da inflexíbilidade apenas contornada por interesses imediatos do primeiro grau!É a Igreja igual a si mesma,permitindo e fomentando a dualidade de critérios e oportunidades,que nada parece ter com a igualdade apregoada há séculos!É a Igreja que continua alicerçada em padres obtusos e catequistas tão cheias de virtudes quanto de complexos inconfessáveis,coartando a liberdade das pessoas assumirem conscientemente um dos sacramentos mais importantes da religião,de que se dizem representantes,mas que no fundo desconhecem ou interpretam desastradamente!Apesar de tudo acredito que Deus já terá concedido aos meus filhos e netos o desejado baptismo, que lhes tem sido miserávelmente negado,pelos que se apregoam seus representantes neste mundo!O que mais me irrita em tudo isto, é que os pobres de espírito têm garantido o Reino dos Céus!