sexta-feira, 22 de outubro de 2010

LIVRO DE RECLAMAÇÔES

Um País governado em ditadura durante quase cinquenta anos,é natural que tenha uma enorme vontade de aproveitar até ás ultimas consequencias,a liberdade que lhe foi devolvida de mão beijada!No entanto é tambem grande a tentação de a transformar em libertinagem,num exercício pseudo-democrático muito pouco recomendável.
Vem isto a propósito do livro de reclamações,instituído há uns anos,presença obrigatória e devidamente publicitada em qualquer instituição que preste serviço público.Citando o pároco amigo do Chefe Lucas dos Santos,é mais «um frenómeno inospinado que acontece no princípio dos séculos para atentar as almas»!E atenta as almas,mesmo as mais cândidas,porque como seria de esperar,é mal utilizado,a maior parte das vezes sem qualquer razão,quase sempre transformado em escape de frustrações,bálsamo de psicoses e até em atestado de má educação!Protesta-se por tudo e por nada,mais por nada do que por tudo,alimenta-se o prazer mórbido de aborrecer o próximo,dá-se continuidade a uma política de denúncia desenfreada tendente a colmatar deficiências básicas de responsabilidade estatal,nunca assumidas e convenientemente tranferidas para terceiros,quase sempre sem culpa no cartório.
A febre de reclamar é de tal ordem, que põe em causa princípios básicos de tolerância,amizade,solidariedade e principalmente de crítica construtiva.O protesto generaliza-se e a reclamação é rápidamente promovida a instituição!Reclama-se por um atrazo mínimo ,sem se ter o cuidado prévio de perceber a causa,protesta-se porque o funcionário riu quando devia estar sério,critica-se indiscriminadamente por ciúme,por inveja,por raiva,porque sim e até por vício!Todos os protestos devem ser enviados a entidades específicas,que os julgarão e irão decidir das penas a aplicar aos prevaricadores.Justifica-se assim a própria existência e principalmente o custo acrescido para a despesa do estado e do imposto para o contribuinte!Uma autêntica «congeminência político-social»como diria calma e sábiamente o meu saudoso Pai.
É evidente que sou o primeiro a concordar com a critica e o protesto construtivo,bem fundamentados e tendentes a melhorar serviços e atitudes!Para tal é necessário e urgente,criar regras, que possam valorizar e disciplinar a liberdade de opinião e expressão,na génese de uma crítica correcta e construtiva.
Até lá,será frequente a falta de civismo que ainda vai caracterizando uma boa parte da nossa sociedade,que em nada contribui para uma postura responsável,moderna e verdadeiramente democrática!Já agora,aproveito para apresentar um veemente protesto ,em forma de reclamação:É incrivel que ainda não se tenha instituido um livro de contra- reclamações,onde possa ser denunciado e responsabilizado todo o protesto gratuito e sem qualquer ponta de razão!Valeu?

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